sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A Astrologia e o Dez de Copas


Olá pessoal. Uma das cartas mais controversas para mim, nas numeradas, é o Dez de Copas. É uma carta feliz, de concretização positiva (os Dez dos naipes passivos são bem agradáveis, ao contrário dos Dez dos naipes ativos - Paus e Espadas: é como encontrar uma parede no meio de uma corrida). Mas a atribuição do terceiro decanato de Peixes, regido por Marte, a essa carta, sempre me intrigou, assim como o fato de Marte reger o último decanato do zodíaco, assim como o primeiro (primeiro decanato de Áries). Não é todo mundo que segue as classificações astrológicas dadas por Crowley, ha quem considere desnecessárias para uma boa compreensão das lâminas. Mas quem poderá negar que é uma fonte de inspiração?
E isso - inspiração - o Elias Mendes oferece com maestria no seu blog. Antes mesmo de ler o texto, a imagem escolhida foi tão forte que tive o insight que faltava para entender a carta em uma nova perspectiva.
Obrigado, Elias.

Meu primeiro insight proveio da imagem. O tubarão, uma possível alegoria a Marte, no seu habitat, o oceano, alusivo ao Elemento Água, de Peixes. O assassino em casa. 
O mais importante, porém, foi perceber, aqui, o posicionamento do tubarão, no contexto. Assassino por uma perspectiva humana bem "embasada" em Spielberg... Mas natural, haja vista sua fisiologia; desde o nascimento, ovovivíparo, já rompendo a casca para sobreviver, sem um minuto de descanso, já que para ele não existe sono; não há maldade, não há intencionalidade, há necessidade, efeito e observação. Antes de considerar um tubarão "mau", penso eu, se ele deveria ser "bonzinho" e morrer de fome...

Segue abaixo um excerto do texto. O texto completo pode ser conferido aqui

(...)
É engraçado como quem está acostumado com astrologia moderna costuma associar este Marte a um posicionamento ruim, como se ele indicasse "comportamento afeminado" ou covardia, coisas que de modo algum estão associadas a Marte neste signo, muito pelo contrário. Marte em qualquer signo é coragem, e uma pessoa será corajosa na medida em que Marte tiver importância no mapa dela. Coragem não é medida pelo signo de Marte. O problema de Marte em detrimento ou queda não é falta de coragem, mas a coragem usada para finalidades maléficas ou em situações inadequadas. A coragem portanto é caracterizada pela proeminência de Marte: Muitos planetas e ângulos em signos de Marte, Marte angular, direto, rápido, em aspectos harmônicos com outros planetas, etc.
Na verdade Marte em Peixes é um dos posicionamentos mais desejáveis. Marte tem triplicidade em todos os signos de água, e isso inclui o signo de peixes. Além disso, especialmente no terceiro decanato de Peixes Marte tem inclusive mais poder do que o que ele tem em Áries, já que neste decanato estão localizados os termos e a face de Marte. Marte fica portanto triplamente dignificado quando está no último decanato de peixes, exceto nos 2 últimos graus que tem natureza mais saturnina.
(...)
Ainda sobre Marte no signo de peixes: Esse é o Marte emergencial. Como peixes é o signo que representa o caos, é em meio a esse tipo de situação que um marte em Peixes vai se mostrar mais útil. Marte em Peixes não luta para preservar ou prevenir o que quer que seja. não busca culpado pelos acontecimentos. Não culpa e não discrimina ninguém: Ele é aquela força que surge quando estamos diante do caos e não há nada a fazer a não ser ajudar quem precisa. No meio de um desastre por exemplo, não há muito espaço pra uma ação preventiva virginiana ou para as teorias do eixo Gêmeos/Sagitário. A ação precisa ser indiscriminada. A força de quem tem Marte em Peixes portanto é maior quando a pessoa se encontra nessas situações extremas.
É interessante notar o fato de que Marte tem força justamente no último e também no primeiro signo do zodíaco. Fins e inícios tem uma característica marciana. Aliás, o primeiro e o último decanato do zodíaco são regidos pelo mesmo planeta, que é marte. Marte parece se fortalecer justamente nos estágios zodiacais que representam um corte: Em Áries, o nascimento que em si é um grande corte em relação ao estado anterior, que era a não-existência. Depois vemos marte se fortalecendo novamente somente no signo de Virgem, o signo da poda. Em escorpião, signo das perdas, e em seguida em Capricórnio, o limite de desenvolvimento de qualquer ciclo. Finalmente ele se fortalece em peixes onde as coisas finalmente terminam.


Haja vista o texto, alguns aspectos do Nove e do Dez de Copas se esclareceram, para mim. O Nove de Copas, para Crowley, é a "Felicidade". Um estado de perfeito contentamento e beleza. Já o Dez é a "Saciedade" (?) e era esse título que me intrigava. Como as relações entre Marte e Peixes poderiam resultar nesse título? Nesse aspecto, a bibliografia que conheço nunca me saciou. Além disso, os demais Dez sempre concretizam alguma situação, de forma agradável ou não. Só o de Copas aparentava uma insatisfação por trás da aparente concretização emocional.


Por outro lado, Waite coloca o Nove de Copas como algo preguiçoso, indolente, exagerado, egocêntrico e preguiçoso; o Dez,  aqui, é a perspectiva do american dream. Qual dos dois significados oferecidos pelos autores corresponderia à melhor experiência da carta, a despeito de suas atribuições esotéricas?
Pela atribuição astrológica relacionada à carta, sempre tendi mais para a perspectiva de Crowley. O Dez deixava uma lacuna que impulsionava o consulente a mais - poderia estar bom, mas fatalmente poderia estar melhor. Havia uma insatisfação latente à vivência da lâmina, que não permitia que ela fosse estanque como os outros Dez. A força de quem tem Marte em Peixes portanto é maior quando a pessoa se encontra nessas situações extremas, como diria o Elias Mendes.
Não há muito o que dizer. Sinto, porém, que o Dez de Copas ficou mais claro, mais efetivo, após ler a interpretação astrológica relacionada a esse arquétipo.


Abraços a todos.


2 comentários:

  1. Mais um post super interessante. Você é mesmo um pesquisador nato e inquieto. Essa inquietude te faz cada vez melhor. Parabens de novo!

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  2. Nesse caso, devo toda a competência ao Elias Mendes. Meu, só o insight. ^^

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Quando um monólogo se torna diálogo...