quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Blogagem Coletiva: Magia & Tarot: Direcionando a rota. Escolhendo um destino.

Olá pessoal. A Pietra e a Luciana propuseram um tema que muito me apraz. Sempre gostei da ideia de usar minhas cartas para além da divinação. Já falamos sobre isso, aqui e aqui. Bora falarmos agora da metodologia que envolve a magia cartomântica.


"Nas tantas situações que a vida oferece, algumas são muito felizes. Outras, mais angustiantes. Para celebrar ou para tentar resolver, tirar tarot é uma forma concreta de fazer alguma coisa a respeito. Porém é sabido que as cartas são marcas humanas e que, entre outras coisas, demonstram sucesso, alegria, prosperidade, paz. Qual é o seu desejo? Acredita que usar o tarot de forma intencional e não apenas oracular - ou tudo junto e misturado - resulta nas transformações mágicas/sincrônicas da vida?"

Só com essa imagem a postagem já seria plenamente justificada.
Desejo, um dos Sete Perpétuos, da HQ Sandman.

Somos seres capazes de desejar. Talvez seja essa nossa maior capacidade frente aos demais animais. Somos animais providos e movidos por desejos. Não nos contentamos com pouco. Vamos, a maior parte das vezes, em oposto ao Zen, em direção ao nosso próprio nez.
Quando, contudo, nos damos conta de nossa natureza luminosombria, estamos diante de um manancial de possibilidades em chiaroscuro. Há quem chame isso de autoconhecimento. Outros, de magia.




Todos os caminhos levam a Roma, principalmente para quem tem boca e sabe usá-la. Alguns caminhos são passivos, como a força propulsora que nos leva para fora de um vagão do metrô em horário de pico. É só seguir o fluxo e já estamos onde o fluxo quiser que fiquemos. Na maior parte das vezes, esse é o caminho mais fácil, deixar o fluxo guiar os passos.
Mas nem sempre o fluxo nos leva para a estação que desejamos. E, nessas horas, calcamos nossos pés e firmamos o corpo para dizer “aqui, não”. E nossa vontade, se for forte, mantém-nos seguros do fluxo. Até o momento em que seguir o fluxo seja pertinente.


Em contrapartida, podemos não encontrar fluxo no sentido que desejamos. O vagão pode estar vazio. Podemos estar com sono. E aí, perder a estação é tão fácil quanto se estivéssemos sendo empurrados por todos os lados. Manter-se alerta é fundamental para salvaguardar o destino que desejamos. 
É aí que entra a vontade de se escolher a própria rota. Ou, em uma única palavra, Magia.


A metáfora que proponho poderia ser traduzida assim: o caminho traçado pelo metrô é o que costumeiramente chamamos “destino”. É algo pré-determinado pelas nossas ações pregressas. Nós entramos no vagão. Poderíamos chamar isso de karma, se a palavra não estivesse tão desgastada pelo mau uso.
 As pessoas e o fluxo que seguem são todas as influências que sofremos a todo o tempo. Nossa herança familiar, nossos amigos, nossos conhecidos. Suas opiniões, desejos, informações... Podemos seguir, ou não, o fluxo que elas apontam.
Por último, nós mesmos... e todas as escolhas que nortearam a nossa estadia em determinado vagão, em determinado momento, com determinada rota preestabelecida.

Mapa do metrô de São Paulo. 
Na prática é bem mais fácil.

Podemos apreender o caminho enquanto o trilhamos, fazendo novas escolhas à medida em que elas forem necessárias. Mas para quem quiser encurtar caminhos e facilitar rotas... Existem mapas. E escolhas podem ser feitas premeditadamente, evitando desvios e imprevistos.
Aos mapas, damos o nome de baralho. E as rotas, rituais.
A própria divinação já é um ato de magia. Ninguém se iluda quanto a isso. Descobrir a rota que será percorrida até determinado destino já é, per se, uma possibilidade de fazer escolhas corretas. Mas, e quando a rota não nos agrada?
Podemos ritualizar a rota que desejamos, alterando o rumo dos nossos próprios passos.


Esse ritualizar tem três níveis, representados pelas três estruturas que formam um baralho de Tarô: podemos fazer uma baldeação, alterando radicalmente a rota mas encontrando o nosso caminho bem mais rápida e facilmente. Esse nível é feito com os Arcanos Maiores. Podemos também encontrar um guia, um parceiro de caminhada; esse nível é representado pelas Cartas da Corte. Ou podemos gerar uma situação favorável (uma carona, por vezes, é muito bem vinda): aí estamos no nível das Cartas Numeradas
Perceba que só no primeiro nível você está por sua conta. No segundo e terceiros, depende das atitudes e disponibilidade de outrem para ser auxiliado, por ressonância e partilha, ou de situações favoráveis que não necessariamente foram planejadas. Portanto, comecemos pelos Arcanos Maiores. Eles nos concedem maior responsabilidade pelos efeitos, o que também nos garante maior segurança.
Monte um altar, se quiser. Ou apenas separe a(s) carta(s) correspondente ao seu intento. Lembre-se que cada Arcano Maior corresponde a um universo de possibilidades. Então, é bom saber exatamente o que se deseja. Um pedido bem feito à Torre é mais benéfico que um mal elaborado ao Sol, já aviso de antemão.
Olhe a carta. Entenda sua escolha. Entenda o caminho que quer trilhar. Manifeste claramente o motivo pelo qual aquele Arcano representa seu intento. Afirme em voz alta, ou queime um papel branco virgem com seu pedido escrito à lápis. Lembre-se, você acabou de comprar seu bilhete para uma rota de metrô que te levará exatamente aonde você pediu.


Se funciona? Não sei. Sei por mim, para mim funciona. Teste e tire suas próprias conclusões. Creio que, como eu, você descobrirá que o baralho é muito mais que setenta e oito imagens impressas em papel passíveis de analisar o porvir. E olha que isso já é absurdamente fascinante! Mas definitivamente não esgota seu uso. 
Abraços a todos, vejamo-nos no próximo post... ou na próxima estação do metrô.

2 comentários:

Quando um monólogo se torna diálogo...